Você é um "Heteroflex"?

T.K, 17 anos, estudante do 3º. ano do colegial tem uma vida típica de um adolescente. Vai à escola diariamente, pratica atividade esportiva e se reúne com os amigos para ir ao shopping e à lan house, esta última seu lazer predileto. Pelo menos é o que parece aos olhos de seus pais alheios ao que realmente acontece nas chamadas noites “corujão”, termo que os adolescentes dão à maratona de jogos online que acontecem durante a noite.

Nessas noitadas que, supostamente, se restringiriam aos jogos eletrônicos, T.K. teve a oportunidade de vivenciar sua sexualidade. E, mais: com meninos e meninas, bem à moda da canção de Renato Russo, que proclamava “ ...e eu gosto de meninos e meninas...” .

Os pais já desconfiam da vivência do filho, já que o garoto hora se tranca no quarto com uma “amiga” e hora com um “amigo”. A irmã de T.K., um ano mais nova, também causa um certo “mal estar” aos pais, já que ela está sempre acompanhada de uma amiga e as duas têm o costume de andar de mãos dadas. Pode parecer puro preconceito, mas considerando que os pais estão na casa dos 40 anos e viveram uma situação bem diferente, é de se entender porque o diálogo sobre o assunto ainda não aconteceu na família do interior paulista.

T.K e sua irmã, assim como muitos outros jovens que estão descobrindo a sexualidade podem fazer parte da geração conhecida como “heteroflex”. “Esse termo vem ganhando visibilidade nos últimos anos. Posso dizer que no meu consultório, atendo esse público há uns 4 anos”, diz a psicóloga educacional especialista em sexualidade humana, Maria Alves Bruns.

Na opinião da profissional que também lidera o Grupo de Pesquisa SexualidadeVida da USP/CNPq, o que acontece hoje é que essa liberdade sexual está mais explícita e que a responsável é, especialmente, a mídia. “Outro fator a ser destacado é que estamos vivendo um momento de diversidade sexual, no qual o modelo patriarcal de família está em declínio. Isso começou com a ascensão feminina”, completa.

Numa época de plena flexibilidade, Maria Alves ressalta a importância cada vez maior do diálogo entre pais e filhos. “Para esses pais que fizeram parte de uma geração na qual era um escândalo ser mão solteira, é difícil entender uma possível bissexualidade do filho. Mas, eles têm de entender que o fato de esses jovens estarem se permitindo experimentar os dois sexos, não significa que ele será, de fato, um adulto bissexual. Mas, esse diálogo é fundamental. Se não houver, buscar por um profissional especializado é outra ferramenta”, diz.

E, nessa difícil missão de entender a complexidade sexual, a mãe ainda é o pilar familiar. “O modelo familiar está mudando sim, com a ascensão feminina na sociedade. Hoje, muitos homens cuidam da casa enquanto as mulheres sustentam o lar. Mas, quando o assunto é sexo, é a mãe que se encarrega de tentar passar a educação sexual”, acrescenta.

E onde iremos parar com tanta liberdade sexual? “Não há uma resposta exata, mas no meu grupo de estudos já constatei movimentos que se direcionam ao antigo modelo padrão, ou seja, grupos que valorizam a virgindade e a convivência familiar. Ou seja, jovens que pretendem se casar virgens e pais de família que preferem abrir mão do trabalho para se dedicarem mais aos filhos”, finaliza a psicóloga.

Fonte: [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]

Hajuo escreveu:Concordo contigo, Daniela!

Achei legal ainda que a reportagem tentou demonstrar que é um comportamento de quem está experimentando e se descobrindo sexualmente, e não algo de jovens promíscuos, libertinos, ou qualquer outro adjetivo conservador.

E mais do que saudável, acredito que é mesmo necessário para um certo amadurecimento pessoal.
De gerações frustradas sexualmente os consultórios psi-alguma-coisa já estão cheios