Crianças começam a pensar em sexo cada vez mais cedo

"Namoro uma menina em Roraima, mas namorar à distância é muito difícil. Estou pensando em arrumar outra garota aqui em Belo Horizonte. Mais perto é melhor". A frase não foi dita por um adulto experiente. Ela é de um menino de apenas 10 anos que, apesar da pouca idade, gaba-se de estar no segundo relacionamento. O garoto é apenas um exemplo de uma constatação feita por mães e pais e comprovada por especialistas: nos novos tempos, a sexualidade aflora cada vez mais cedo.

As paqueras até mesmo entre crianças são uma tendência inevitável. "Hoje as novas gerações são mais precoces. O acesso à informação ficou tão rápido que facilita o contato delas com questões ligadas à sexualidade", explica o psicólogo e professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) Flávio Duraes.

Foi na porta de uma escola da região Centro-Sul da capital que o garoto de 10 anos contou suas experiências à reportagem. O primeiro namoro foi com a filha de uma amiga da mãe dele. "A gente teve que terminar porque estava ficando muito perigoso. Minha mãe estava quase descobrindo", conta. Questionado sobre como era a relação, o garoto completou: "Era normal, uai. A gente gostava de conversar, brincar e ficar junto. E dava muito selinho", revela. O colega dele, também de 10 anos, nunca teve uma namorada, mas já tem alguém em vista. "Eu gosto de uma menina, mas ela não sabe. Estou pensando em contar para ela pra ver no que vai dar", comenta, decidido.

Aulas. Pensando em instruir os jovens e evitar a gravidez precoce, no ano que vem, as escolas britânicas vão passar a dar aulas de educação sexual para as crianças a partir dos 7 anos. Para a comerciante Jaqueline Bizzotto, 46, quanto mais cedo, melhor para começar a educação sexual. Ela tem duas filhas, de 6 e 5 anos, e nota que elas já demandam algumas explicações sobre o assunto. "As crianças de hoje perguntam muita coisa. Às vezes, pego minhas filhas brincando de casamento, de namoro e falando de beijo. É ótimo se a escola puder ajudar a tirar essas dúvidas ", diz.

A empresária Silvânia Miranda, 49, é mãe de três filhos, de 7, 27 e 30 anos. Quando teve o primeiro, não achava que o assunto deveria ser tratado com crianças. Hoje tem outra opinião. "O mundo mudou. O meu filho mais novo já fala que acha mulheres gostosas e o meu de 30, quando era criança, nem sabia o que era isso", lembra. Já para a dona de casa Valda Piazzaroli, 47, ainda é cedo para o filho de 8 anos ter a disciplina no colégio. "Eu só falo sobre esse tipo de assunto quando ele pergunta. Criança é inocente, não pensa nisso", afirma.

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