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Orgasmos verbais
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Orgasmos verbais
Um tornado passa todas as manhãs pela Colômbia. Atende pelo nome de Flávia dos Santos, é carioca, 37 anos, mestre em psicologia, mãe de dois adolescentes e ex-embaixatriz do Brasil em Bogotá. Com um inconfundível "bom-dia", em português, acompanhado por um largo sorriso, o furacão Flávia ingressa no final da madrugada nos estúdios da TV Caracol, a principal emissora do país, para a gravação do programa matutino Día a Día. Depois da invariável bênção do padre Alberto Linero e das previsões do astrólogo Salomón, a brasileira escancara os problemas sexuais dos colombianos em uma atitude que denomina de "orgasmos verbais".
O quadro Flávia Habla sobre Sexo está no ar há quase dois anos, desde que a sexóloga encantou os produtores pela franqueza com que tratava questões em uma entrevista e recebeu o convite para conduzir dois quadros no Día a Día. Nas terças e quintas-feiras, em uma tertúlia, o furacão discute com outros apresentadores célebres os temas do dia - em especial, os que envolvem sexo. De segunda a quinta-feira, Flávia também conduz uma espécie de consultório ao vivo, que muito recorda a atuação de Marta Suplicy no programaTV Mulher, levado ao ar pela Rede Globo nas manhãs do início da década de 80. Nesse quadro, a doutora Flávia responde a cartas de telespectadores previamente selecionadas com uma sinceridade e um improviso no uso do idioma espanhol que, não raras vezes, enlouquecem a diretora, Luz Marina Girardo.
O quadro entra ao vivo no Día a Día, nos momentos em que a concorrência ganha pontos de audiência. Para desespero de Luz Marina, não há como parar ou controlar o furacão. Vestida com roupas insinuantes, ainda que os seus decotes sejam diminuídos por prendedores nas costas, e adornada com pulseiras e brincos vistosos, Flávia tornou-se a carta na manga dos produtores. Ao lado de Luz Marina, a protagonista cuida para que as suas orientações e interpretações das questões sexuais sejam colocadas de maneira menos científica e mais palatável para o público-alvo, as senhoras colombianas. "Flávia se tornou a principal personagem do meu programa. Como ela aborda temas picantes, cuido para que não venha a se vulgarizar", afirma a diretora, com um claro caráter superprotetor.
Os temas campeões entre as 200 cartas que Flávia recebe diariamente são a ejaculação precoce, a ausência de orgasmo feminino, a infidelidade - de maridos e mulheres - e o homossexualismo. A própria direção da TV Caracol cuida de limitar os orgasmos verbais da apresentadora, como meio de evitar protestos semelhantes aos que Marta Suplicy e a Rede Globo sofriam das Senhoras de Santana toda vez que a palavra "vagina" era pronunciada no TV Mulher. A sugestão de Flávia de montar um quadro exclusivo sobre o sexo oral, outra questão recorrente nas cartas, acabou indeferida.
A carta da mulher casada de 33 anos, duas filhas, desesperada para desvencilhar-se do amante que mantinha havia 11 anos, recebeu um comentário ponderado de Flávia. "Essa relação não faz mais sentido como antes. É como um conto de fadas: vocês não convivem, como acontece no dia a dia do casamento, no bom e no ruim", diagnosticou. "Você tem de romper esse círculo vicioso. Se ama seu marido, deve investir no seu casamento, que é a relação real", orientou.
Um rapaz, em outra carta, queixou-se da noiva, que desistia aos prantos de consumar a primeira relação sexual a cada tentativa. A sexóloga recomendou paciência com a "virgem chorona". "Ela ainda vê o sexo com culpa, como se perder a virgindade fosse um pecado", explicou. Para a mulher que queria fazer sexo de maneiras diferentes, mas temia que o marido a considerasse experiente demais no assunto, Flávia lembrou que não chega a ser incomum o homem preocupar-se com o próprio prazer sem dar-se conta da satisfação da companheira. Mas advertiu a senhora frustrada que os problemas de casal começam quando os desejos são escondidos um do outro: "Que bobagem, que perda de tempo você não falar com ele. Você não deveria entrar nesse jogo de esconder sua verdadeira natureza, seu verdadeiro instinto".
Em outro caso abordado por Flávia, um homem confessava ter contraído herpes genital, embora sua vida sexual não tivesse sido tão ativa. Na carta, ele amargava o medo de envolver-se com outra pessoa porque poderia contagiá-la. "Esse é um erro básico. Contrair uma doença sexualmente transmissível é algo que pode acontecer com qualquer um", afirmou. "Não abandone sua vida sexual nem seu projeto de casar e ter filhos. Consulte um infectologista e use sempre a camisinha", receitou.
Lesbiana ou liviana? Em alguns momentos, entretanto, a emissora praticamente vê seu controle desaparecer. A linguagem expansiva e os desacertos no espanhol, muitas vezes pontuados pelas gírias e pelos palavrões que aprendeu com os filhos adolescentes, fazem de Flávia uma vítima contumaz de broncas das autoridades da TV Caracol. Os índices de audiência, entretanto, protegem seus orgasmos verbais de decisões mais ásperas.
Divertida, Flávia recorda que, em um programa, usou a palavra "lesbiana" quando queria dizer "liviana" (leve, em espanhol). Em outras ocasiões, as repreensões da diretoria decorreram de expressões recorrentes para uma sexóloga, como "introduzir el penis en la vagina". A pior advertência do currículo de Flávia na TV Caracol surgiu quando ela abusou da dose de humor ao qualificar o religioso moderninho Linero de "pornopadre", durante uma das tertúlias. "Pedi desculpas no programa seguinte e dei uma caixa de bombons de presente para ele", relatou Flávia, que tomou um senhor pito do diretor de entretenimento do canal, Juan Esteban Sampedro.
Flávia tem certeza de que só é perdoada por falar sobre sexo na conservadora Colômbia, ainda mais com suas derrapadas, porque é estrangeira. Se não falasse espanhol com tanto sotaque e com tantos erros, além do inconfundível "carioquês", não poderia dizer as suas "barbaridades". "Soaria muito vulgar", ela mesma avalia. A sexóloga encontrou o tom correto de abordar os dilemas mais íntimos dos espectadores depois de vasculhar a sociedade colombiana nos seus aspectos menos aparentes e assistir a muita novela local.
O conservadorismo, para ela, tornou-se um escudo para atitudes mais desinibidas - porém, secretas - dos colombianos. Sobretudo, no que diz respeito às conquistas amorosas e à tolerância das mulheres diante da infidelidade masculina. Como atestou, a troca de casais (ou swing) virou coqueluche recente em Bogotá, pelo menos duas décadas depois de contagiar os grandes centros da Europa e dos Estados Unidos. "Há um problema sério nessa sociedade, de hipocrisia. Todo mundo posa de missionário", afirma. "Mas, como em qualquer lugar, as pessoas complicam a questão do sexo sem nenhuma necessidade."
Flávia aprendeu a falar espanhol com a babá chilena que a acompanhou em Roma e Nova York para cuidar de seus filhos com o embaixador Júlio César Gomes dos Santos. Quando os dois se casaram, no Rio de Janeiro, ele tinha o dobro dos 21 anos dela. Flávia concluiu o curso de psicologia na Universidade de Brasília enquanto o marido chefiava o cerimonial do então presidente Fernando Henrique Cardoso e seguiu o embaixador a Roma, onde se especializou no Instituto de Sexologia Clínica e concluiu o mestrado. Em Nova York, na condição de consulesa e psicóloga, trabalhou com um médico especializado no atendimento a mulheres e de casais e abriu uma franquia da loja de bijuterias Francesca Romana. Quando Gomes dos Santos assumiu a Embaixada do Brasil em Bogotá, em 2005, pediu a Flávia que não trabalhasse como sexóloga. Ela concordou. "Eu tinha de ser a embaixatriz", disse, sem demonstrar rancores.
‘Cucarachos’. Hoje aposentado, Gomes dos Santos também já teve seus dias de tormenta, quando esteve no centro do primeiro escândalo do governo de Fernando Henrique Cardoso, em 1995. Ele chefiava o Cerimonial do Palácio do Planalto e foi acusado de favorecer a empresa Raytheon, dos Estados Unidos, durante a licitação para a construção do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam). Pego em grampos telefônicos, Gomes dos Santos foi acusado pela Polícia Federal de exploração de prestígio.
Na estratégia do governo para diluir o escândalo o embaixador foi despachado para Roma, onde assumiu a chefia da missão do Brasil na Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Depois, foi indicado pelo Itamaraty para o Consulado-Geral do Brasil em Nova York e deixou uma marca indelével em sua despedida, em outubro de 2005. Em uma recepção, Gomes dos Santos sugeriu a líderes da comunidade brasileira que "não se misturassem com os cucarachos". Em seguida, embarcou para seu último posto na diplomacia, a embaixada brasileira em Bogotá, na Colômbia, onde Fláviahablando sobre sexo é grande atração nacional.
Em 2008, o embaixador recusou o convite para assumir a Subsecretaria de Assuntos de América do Sul do Itamaraty - um dos postos mais prestigiados da Casa, em função da prioridade da atual política externa na aproximação do Brasil com o continente americano. Preferiu antecipar sua aposentadoria em dois anos e fincar pé em Bogotá, onde criou o Centro de Estudos Brasileiros e assumiu a cátedra Brasil da Universidad del Rosario.
Flávia, ao iniciar sua participação no programa da TV Caracol, tornou-se celebridade local e passou a atrair atenções, apesar dos temores que podem inibir o diálogo com uma psicóloga especializada em sexo. "O sexólogo assusta. As pessoas acham que ele é capaz de despi-las somente com o olhar", diz. Esse obstáculo, lamentavelmente para ela, acaba vencido em muitas ocasiões inusitadas.
Com frequência, Flávia é abordada em coquetéis por convivas afoitos em revelar suas intimidades, como um homem que declarou gratuitamente que não precisava tomar Viagra e outro que confessou ser "ótimo na cama". Mas ainda se surpreende a cada caso.
No ano passado, Flávia dos Santos ouviu do ex-presidente Fernando Henrique a irônica advertência de que ainda acabaria prefeita de Bogotá, numa referência à carreira política que Marta Suplicy abraçou depois da etapa TV Mulher. Flávia diverte-se com sua popularidade na Colômbia, mas ainda se mostra isenta de ambições políticas. "Já virei a rainha do supermercado."
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sexyboy- Destaque
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Re: Orgasmos verbais
uma brasileira fazendo sucesso na Colombia legal.
Leleca- Estagiário
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